Wednesday, October 14, 2009

Que é de encaixe, não de completar...



A peça - I

Se permitir,
É como tentar encaixar uma peça
Que sequer pertence ao quebra-cabeça.
No fundo se sente a brecha que falta no molde.
O pedaço errado até encaixa...
Mas das erratas de alívio
A mais eminente se faz nítido.
Que algo não fora deveras preenchido.

Inegável o quão auspício.
Se permitir é dançar no silêncio
É gostoso desmemoriar o coração das antigas dores.
Jogar-se como se a primeira vez fosse.
Pr’um engate de um romance de partes.
Que nunca preenche um todo.

Mas eis que cedo ou tarde,
Quem o monta não tarda a perceber.
A falta é quem talha o romance,
Então cai num rompante
De se sentir incompleto.

Mas nenhum problema há com a peça,
Nem muito menos nada que a empeça
De encaixar-se no seu real molde.
Mas aquela que se jogou às cegas,
Parece parte que anda despedaçado.
Sentindo-se desprezado
Achando não terem inventado,
Aquilo que lhe vá completar.


Ádila Ágatha de Carvalho (Março de 2006 )

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A peça - II

Foi num dia de pensar em nada,
Bem assim,
Que quis desfazer todo o quebra-cabeça,
Pra vê se invertendo a ordem
Alguma peça no mundo se encaixava.
E ainda assim nada.
Até agora hoje, dias que vos falo.
Nenhuma peça pro meu regalo.

Sabe aquelas dias em que você tem vontade de...
Jogar o quebra-cabeça fora.
Parar de permitir peças quaisquer de se encaixar.
De se acharem em você mas não lhe completar...
Foi assim que deixei a idéia dissipar.
Desse par que nunca encontro.
Continuei ímpar feita.
Tentando degustar a leveza
De sozinhar...


Ádila Ágatha de Carvalho (Março de 2006 )

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