Saturday, October 31, 2009

Entre idas e V'índias.




Os poetas estão reunidos,
Taciturnos em suas aldeotas,
Escondem-se no âmago da terra
Como uma força genuína,
Que atuando secretamente
Ainda nos revigora.


Mesmo nas entrelinhas do quão morrem na história.

Dentro em breve,
Sinto que essa nebulosa de caos explodirá
Vamos implodir milhões de estrelas,
E seremos para o dia,
Aquilo que elucidará
Num raiar de luz baldia.


Celebraremos ingênuos,
Uma batalha sem perdedores.
Ganharemos todos, uma nova chance.
De sermos apenas frutos de amores.

Os guerreiros estão reunidos,
Na espreita do momento coeso,
Para tornar esse mundo espelho,
Refletindo uma luz celestial,
Como uma infinda manancial
Que contentará nossa sede de paz.

Os guerreiros estão reunidos
Munidos apenas de vontade,
De transformar-nos numa centelha,
Que finalmente nos reverencie ao pai!

 
Ádila Ágatha de Carvalho (outubro de 2009)
 

Herança sem paradeiro


 
Rogo por um resplandecer da inocência
O despertar de um contentamento simples.
Que seja esse tempo menos exigente conosco,
Que queremos apenas ser felizes.

Rogo por um mergulho as matrizes,
Um relembrar que frutifique a essência
Que desperte o sentimento que adormecera,
Em meio essa maledicência.

Rogo por um bacelo de afeto,
Que refloreste tudo de sentimento videiro.
E que goteje uma felicidade pura.
Dessa herança à deriva
sem paradeiro.


 (outubro de 2009)

Somos todos estranho/ e eu também sou você



 

Temo tempos difíceis,
Decidiram banir a emoção.
Ninguém mergulha sem saber nadar.
Ninguém ama sem saber amar.
E ninguém sabe como aprender a lição.

Parecem todos magoados,
Estão todos comovidos ou receados.
Veio e foi moendo, até com certo gosto
Começaram banindo um povo,
Depois outro...
Depois outro...

Agora classificam as mentiras por cores,
Brancas, pretas...
Maliciou-se.

Engraçado que,
Não se sabia viver até cair nessa andança.
E ninguém acompanhou a dança...
As cores não são atenuantes de uma batalha ou de um culto.
É a maquilagem que nos faz cada vez mais ocultos.


Caminhamos em controvérsias
Rumo a tempos de sentimentos rasios,
Parece um imensurável redemoinho,
Do qual não se tem escapatória.

É uma ferida que não para de minar,
E não adianta pestanejar,
Relutantes são minoria,
A maioria sequer sabe que está contaminado.
A maioria sequer sabe que está pra se contaminar.

Parecem todos envaidecidos
Tornou-se bonito não ter alma
O corpo não é abrigo, nem casa.
É aquilo que nos traveste de fantasmas.

Como um pano de maldade a nos cobrir,
E tem até dois furinhos na parte que cabe aos olhos,
Para que não deixemos de enxergar.
Mas que em eras digitais são olhos em 3D...
Que transformou a imagem do paraíso.
Num vislumbre de cores
Que só são percebidas em HD.

Não vão poupar a mim,
Remotamente também você,
E pior é ser seu próprio algoz,
Um torturador manso.
Um mero colaborador anônimo.
Assassino sem nome.
De um assassinato sem voz.

É uma aflição que só pode ser contida.
Pois são tempos de brevidade...
Esconder-se é só um rompante.
De almas que nessa vida não atingem longevidade.

São tempos também de egos,
Somos todos estranhos.
Não se tem mais elos
E eu também sou você.

Eu sou somente alguém assustado.
Que deseja apenas se pintar,
Alguém que mergulha sem saber nadar
E que aprende vivendo,
a viver.

Eu sou somente alguém matuto.
Que consegue antever a morte da alma no mundo,
Que deseja apenas se pintar,
Para Deus louvar.
Em um culto, não muito oculto,
De nos preservar.


Ágatha de Carvalho (outubro de 2009)

Monday, October 26, 2009

A cor dar ao dia.





Quero acordar a cor,
Desse acorde que me soa suave,
Do temperamento que não se receia,
Mergulhando em liberdade.

Quero apenas que adormeça
Esse palpitar que hora é mais explosão,
Desse vôo que se faz introspectivo
Mas que processa um coração.

É difícil viver em continência,
Tentando se invisibilizar
Mas depois de muitos fracassos,
Desistir parece verbo de conjugar.

Tu desistes,
Eles desistem...
A vida parece moer aqueles que insistem.
Parece uma guerra em que todos estão sendo convocados.
E mal sabem em prol do que batalham.

Quero acordar a cor,
De o dia não ruir com a noite,
De a escuridão ser apenas um açoite
Que fura o céu em pequenas estrelas.

Se eu não desisto...
Se tu não desistes...
Tornamo-nos versos mais que perfeitos.
Onde ninguém mais adormece o peito.
Com a peleja de sentimentos tristes

Pareço uma calmaria que abriga uma explosão.
Rogando para que não me enxerguem como mais um soldado
Desse mundo em transformação de tornar-se vão,
E vasto
De tom tão sem emoção.

Eu quero a cor dar neste dia,
Mesmo uma cor de céu nublado,
Uma doçura mais que extensiva
Feito giz que se expressiva num quadro.


Ádila Ágatha de Carvalho (outubro de 2009)







Conheci um dia colorido,
E guardei com muito trato,
Em nuances que parecia até pintura
E que na retina se fez grafia de imagem.
Era foto e retrato


Mas parece que em dia de chuva,
Aquele tanto de cor nem se retrata,
A chuva pula pela janela,
E maltrata a pintura de cinza.

A lembrança não se protege
Se reboliça no atemporal
Parece que ora desiste
E a recordação não resiste
Diante à resignação da tempestade

Milhões de sorrisos no arquivo,
Sendo corrompido pelo arquétipo de um choro
Antes fosse temporário,
E menos temperado de mágoa.


Ádila Ágatha de Carvalho (outubro de 2009)



Sunday, October 25, 2009

Em lua arada






Essa formosa e tão distinta
Que distante consegue estar tão perto,
Parece nos fazer ressoantes
Mesmo em instantes minguantes.
De sentimentos singelos.

Quisera eu acolher-la, ó lua cheia
Tal qual bola de cristal.
Não para antever o porvir
Mas fazer-la guia de me instruir
Abrando desse introspectivo manancial
de afeto...

Que não me faça soar estrépito
Todos os segredos desse hemisfério-meu.
Enluarando de solstício
Tornando algo auspício,
Esse meu mergulho ao mistério.

Lua nova que de nada cria expectativa
Sendo ao longe espectadora de romances
Quero acolher-la no ventre
Pra tentar compreender nesse instante
O desenrolar desse doce rompante.

Doce e razante,
Que ora vejo reluzente
Contido porém palpitante
Oh! Luar tão bem crescente...


Ádila Ágatha de Carvalho (outubro de 2009)

Tuesday, October 20, 2009

Sem ti, mental







Romances embalados
Em baladas que não mais se escuta
Um vivente também se cansa,
De dançar conforme a música.

É comum que se espere,
Corriqueira companhia,
Infortúnio é que se pense,
Sobrepor-se ao que jazia

Sem recalques de falso encanto,
Sequer camufla um ou outro interesse.
Pro desatino de tornar-se par.
Espera o acaso se dissipar
Transformando em nostalgia
A eterna falta do que nem se tinha.

Ádila Ágatha de Carvalho (outubro de 2009)

... um eterno vicejo.







Uma liberdade sem malícia
Prática pra puro abandono.
Uma fragilidade bem aventurada,
De apenas sonhos.

Uma liberdade sem malícia
Que suando aflore sentidos,
Mais suave que pólen,
Sem abstrair os espinhos.

Uma liberdade sem malícia
Um descanso de devaneio
Um toldo que cobre a pele
Sem censura, sem pudor, sem medo.

Uma liberdade sem malícia
Num estado de eterno vicejo.


Ádila Ágatha de Carvalho (outubro de 2009)

A fonte de afronto



Parece que a fonte,
De fronte a retina minha,
Resigna-me o tanto que mina
Me denomina pessoa que tem sede

Parece também afronto,
Tem água de saciar,
Em mim e nas gerais.
E não sede.
Mas eu não posso beber.

É uma nascente abundante,
E fica logo ali de fronte a minha sede.
E não sede.

Vontade imensurável de m’embebedar
E depois conter
Esconder a secura que há adentro,
Um sertão vasto,
Que nem tem cacto,
E que tem espinho.

Parece uma fonte de afronto,
Minha sede se resigna,
E míngua com a lua,
Cheia de sede.
Que não sede.
Mas eu não posso beber.

Ádila Ágatha de Carvalho (outubro de 2009)

Thursday, October 15, 2009

Que existe par, para os ímparfeitos






Há quem não tenha tampa.
Quem flertes não planta.
Que amores nunca colhe.
Que se acolhe,
Dentro da própria ímpar.feição.

Há quem sempre seja pescado por uma paixão.
Somente pesca dor de ilusão.
Pescador numa maré cheia,
Mas amar é vazia onda,
Que ronda estrago intragável.

Há quem seja apenas ímpar feito,
Que nunca há de partir-se par
Que em pista de mão única,
Acabe na viela e na contra mão.
Há quem não perceba o refrão.

Dentro da própria ímpar feição.

Ádila Ágatha de Carvalho (setembro de 2009)





Ímparfeitos

Eu quero um amor de heresia,
Livre,
Aprisionado pelo sentimento.
Mas sem o firmamento
Dos supérfluos acordos terrenos

Um amor puro,
Aonde não se peça a mão.
E nem se ambicione ter o corpo,
Ou apenas o coração

Um algo que seja pleno,
Mesmo aparentemente tolo.
Que tenha mais euforia
E não só as intenções de outro.

Que sobreviva no descaso,
Por andar descalço de cobranças,
Porque apenas impulsiona,
Ser amor e nada mais.


Ádila Ágatha de Carvalho. (outubro 2009)






O Outro

O Outro,
Pro corpo quente que sente frio,
Pro coração cheio, de tanto vazio...
Pro possível afago,
Pro provável agrado,

O outro
Até pro inesperado...

O poço,
Até pra falta de fundo.
Até pro solitário balde suicida n’uma corda

O poço,
Até pra falta d’água.
Para adentrar, adentrar...

O fio positivo,
Do suposto oposto que atrai,
O afio, negativo...

O par,
Pro número que não casa com outro,
Mas que pode vir a dividir...
O par,
Pros ímpares...

Ainda que não par.ecida simetria,
Impar feitos de diferenças,
Perfeitos para incumbência
De se fazer companhia
De dois mundinhos a.par.tes.
Pros que procuram florestas
Dentro de árvores...


Ádila Ágatha de Carvalho.   (Maio de 2006)



Wednesday, October 14, 2009

Sem a cor ação





Sem cor ação, nada acontece.
É um conto que haja vista o real, nada vale.
É uma moldura que nada molda.
Uma mola que nunca amolece.
É um broto que nunca floresce.

O coração não contido,
Ainda assim, é o semblante de um espaço a ser preenchido.
É um funcionário infuncional.
Esperando um tal’qual.

Um coração não ter motivo,
É apenas não dar-lhe o estimulo,
Da pulsação de amar.
É não impulsionar,
Um querer para sua batida.

A lamentável vida,
Da ala dos ímpar. feitos por natureza.
Que nunca disse.par
Mais soube partir-se para adentrar,
o vácuo da própria beleza.
de nunca estar,
Amando...

Um coração que não tem ninguém,
É a eterna esperança do encaixe,
É uma espera e ânsia de vontade.
De ser amada.
Armada de bem-me-quer.


Ádila Ágatha de Carvalho (setembro de 2009)



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Vaziolidade

Pode ser, quem sabe, um vazio inexplicável,
Um oco que se abala a qualquer brisa,
Um buraco no corpo,
A falta de um sentido lógico,
Que explique toda a falta de lógica.
Um vácuo que sentimento algum se propaga...
Pode ser que nem seja nada!

Pode ser,
vão dizer que sim,
Que é uma insensibilidade da minha parte.
Que é um pecado,
Desses que jamais são perdoados...
Não ei de tomar tal afirmação como legado...

Pode ser que não...
Apenas digo que é falta de cor ação.
O que nada impede uma avoação incontrolável...
Distraio-me com pensamentos...
Sonho acordada.
Pessoas assim...
De insensíveis não temos nada...

Esse buraco aí no peito,
Pode até não ser facilmente preenchido,
Mas basta vim um ímpar.cílio
Piscando uma mentira sincera,
Me pego a contra mão.
Suspirando, com o fato de ter ocupado o coração.
Mas encontrou uma viela.

Com tudo,
Acaba sempre sem o preenchimento.
Justificando os "pecados" alheios e tornando-os sublimes...
Mas é continuinte,
Da missão de ninguém ter.


Ádila Ágatha de Carvalho (novembro de 2005)
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Me acompanha-mim.


- Estratagemas, idiossincrasias...

Desenhar olhos e ficar encarando.
Desenhar uma boca nas mãos e sair conversando.
A mão tecendo papos,
Amortecendo os cacos
De amor tecer-se fio visível.
De ter e ser sozível.

A boca na mão tagarela.
Mas é ela, se amando sozinha outra vez.
A boca na mão se calou.
Mas foi só um "adeus" que acenou...

Desenhei uma mão na minha mão.
Fechei o punho.
Agora com.punho que ando de mãos dadas.
Dada aos finalmente.

Final mente,
Sou eu quem me acompanha.


 Ádila Ágatha de Carvalho (novembro 2005)

...insentido, no sentido de não se fazer contido.

Meu nu é breu na proa do corpo.






Há várias maneiras de se ficar nu;
Quando se abre a boca da alma,
Quando deixa os olhos encarar outro...
Ser sincero é estar nu.
Encarar é permitir mergulho.

A pele e seu vértice,
Os poros e pólos silvestres,
Sem roupa eu sou apenas breu.
Não estar de roupa é ser apenas espécie.
A minha roupa sou eu.

Às vezes, dá-me até vergonha...
É como ficar nua abrindo os olhos.
E meu nu é breu.
Olhos negros.
Olhos negreiros...

O corpo mais me parece abrigo
Não me repele como que gaiola.
Das tatuagens na proa da pele.
Que ecôo estantes leves
Uma breve capa que optei desenhos

Sem roupa eu sou apenas breu.
Sentimentos que desconheço,
Muitos, tantos, vários, eticéteros...
Sentimentos novos, velhos...
E procriam sentimentos amais.
O nu da falta de roupa aguça só os animais.

Meus impulsos de percurso
Entre o meu pensar e meu pulso,
Faz de mim uma pessoa desnuda.
Porque quem me lê, me vê crua.

Meu nu é breu na proa do corpo.
Só se vê abaixo a pele
Exceto na visão dos tolos
Meu nu é de todos e de tudo,
Quando me lêem descrita naquilo que com.punho.


Ádila Ágatha de Carvalho (Setembro de 2009 )



Que é de encaixe, não de completar...



A peça - I

Se permitir,
É como tentar encaixar uma peça
Que sequer pertence ao quebra-cabeça.
No fundo se sente a brecha que falta no molde.
O pedaço errado até encaixa...
Mas das erratas de alívio
A mais eminente se faz nítido.
Que algo não fora deveras preenchido.

Inegável o quão auspício.
Se permitir é dançar no silêncio
É gostoso desmemoriar o coração das antigas dores.
Jogar-se como se a primeira vez fosse.
Pr’um engate de um romance de partes.
Que nunca preenche um todo.

Mas eis que cedo ou tarde,
Quem o monta não tarda a perceber.
A falta é quem talha o romance,
Então cai num rompante
De se sentir incompleto.

Mas nenhum problema há com a peça,
Nem muito menos nada que a empeça
De encaixar-se no seu real molde.
Mas aquela que se jogou às cegas,
Parece parte que anda despedaçado.
Sentindo-se desprezado
Achando não terem inventado,
Aquilo que lhe vá completar.


Ádila Ágatha de Carvalho (Março de 2006 )

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A peça - II

Foi num dia de pensar em nada,
Bem assim,
Que quis desfazer todo o quebra-cabeça,
Pra vê se invertendo a ordem
Alguma peça no mundo se encaixava.
E ainda assim nada.
Até agora hoje, dias que vos falo.
Nenhuma peça pro meu regalo.

Sabe aquelas dias em que você tem vontade de...
Jogar o quebra-cabeça fora.
Parar de permitir peças quaisquer de se encaixar.
De se acharem em você mas não lhe completar...
Foi assim que deixei a idéia dissipar.
Desse par que nunca encontro.
Continuei ímpar feita.
Tentando degustar a leveza
De sozinhar...


Ádila Ágatha de Carvalho (Março de 2006 )

... Entre o pensar e o impulso.





Muitas vezes a boca não condiz.
Embora pense infinitas vezes.
Deixa fluir só em pensamento.
Porque ao dizer, ou escrever, ou cantar...
Acaba desentendendo.
Mesmo sentido tendo
No tal do pensamento.

Mas se perde no percurso;
Entre o que pensa,
O que impulsiona dizer.
E aquilo que em prosa diz.
Então simplesmente não condiz,
Com aquilo que realmente sente.

E pra não se perder naquele impulso,
No percurso entre o pensar e o pulso,
Acaba algumas vezes por deixar calar.
Mesmo adentro parecendo claro.
Mas deixa estar...
A dispor de algo que o venha a externar;

Aquilo que entranho pensa
Que de modo estranho diz,
Que tão sem tamanho sente.
E que hora não condiz...

Ádila Ágatha de Carvalho (setembro de 2007)

me perdi nesse percurso.
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Pé correndo



O tempo passando rápido
As fases transcendendo
Os sentimentos adentrando
Percorrendo.

Alma ao mundo
Corpo ao casulo
Mente, a dor me sendo.
[Adormecendo]
Entre o nada, o meio e o tudo.
Percorrendo.

No girar do mundo
Os ciclos prováveis
A mão do destino
O umbigo, a raiz e as asas batendo
Percorrendo

Hímen tacto
Coração impulsando
Corpo com poros
Pele sem tato; querendo
Percorrendo

Percorrendo vida
Sem o perceber
Dessa pressa contínua
Ou pra onde esse pé, correndo
Pensa não ter tempo
De chegar.

e corre.

Ádila Ágatha de Carvalho (outubro de 2006)

* e 'não pise na grama' lá serve pra quem não tem os pés no chão?

Lá vai pé correndo. Lá vai, percorrendo.