Monday, January 27, 2014

Ventanejando





Ao lavar a roupa no terraço, observo os pássaros que passam ligeiros, parecem não querer perder o horário. Penso uma poesia. No momento, ao invés do papel, tenho em mãos uma roupa suja, manchada na parte superior de molho de tomate. Esfrego como quem rabisca, porém a poesia é tão visceral, deseja tanto ganhar um corpo que, acabo por versar em voz alta. Só para não deixá-la perdida no pensamento. Penso nela voando com o vento através dos tempos e sendo escrita, quem sabe um dia, por outrem, ou por mim mesma, abraçando a lembrança desse agora. 

Ádila Ágatha de Carvalho.
(Imagem de autor desconhecido)