Sunday, April 01, 2007

Tempestades também curam



Lá no fundo
Ela sempre teve medo de fincar-se em um cais
Porém muito mais
De não ter-los mais

Uma vontade da incerteza
Só pela beleza
A beleza [que acha] que a dúvida tem.

Ainda mais que,
Quando se tem dúvida
Parece que perdura
Isso só pra saber se é ou não.
E ela erra às vezes nesta questão.

Parece mais um mar de medo,
E o barco, vagante neste,
Algumas vezes a deriva, duvida
Que um dia consiga atracar sem receio

Na proa do barco
Há um coração cheio de códigos
Todos baseados em sentimentos confusos
Que de tão difusos,
Nem o peito em que se encontra
Ou o corpo do qual faz moradia
Deduziria.
Mesmo se sorrisse ou chorasse;

É que na verdade
Os sentimentos às vezes descrevem-se ao avesso
Sorriso irônico
Choro de alegria...

Na essência tem pragas
Tem pestes...
Tempestades também curam
Não faz de má fé
Assim, chovendo pra afastar.
No fundo quer reter o que dá.

Repele porque impar parece ter defeito
E perece, por ser de tal jeito.

Lá no fundo
Ela sempre teve medo de fincar-se em um cais
Porém muito mais
De não ter-los mais


Ádila Ágatha de Carvalho