Saturday, December 15, 2007


Não muito difícil afogar-me numa xícara de café.
Isso quando se acorda em um novo dia
De ácaros anciões.
Que de tão igual aos outros dias
Se prevê sem prive os vilões.

Nem os desatinos um agradável gosto tem
Mesmo quando vêem acompanhados por alguém
Um eu imaginário,
Com ações que fogem do imaginável
De fala incansável e com exatidão
Alguém que não apenas trague-se, gozando-se com a própria mão.

Um prazer que deveria por acontecer
Até somente de o pé tocar o chão ao amanhecer
Mas que nem isso mais engana
Que outro prazer se gana
Por saber da sua existência.

Coisas fantásticas ão de acontecer.
Ou ei de perceber a metafísica
E toda química que há
No sol chegar até a mim
E não me matar.

Até então
Pregos são pregos e não os emprego sem verbo
Parafusos não são para fusos
Embora me enrolem as idéias também.
Mais um dia,
Mas que mal me tem?

Sei que é apenas uma bússula de humor
Apontando para falta de ânimo
Mas logo perde o sentido
E levanto cantando


Ádila Ágatha

[ouvindo. Ou vindo. Ou vendo:


que voy a ser - je ne sais pas
que voy a ser - je ne sais plus
que voy a ser - je suis perdu
que horas son, mi corazón

Manu Chao]
Haja vista um cor.ação sem cor
Uma mera ação, até então,
Em contínua rotação
Translando o desejo de ter a falta
Desse outrem que só o maltrata.

Haja vista a pulsa.ção sem pulso
Desatinado. Insano [falta do são]
Pulsando como num carnaval
Apenas se deixando levar pela multidão
Como quem segue a correnteza
Mas sem a leveza
Imaginando as pedras que virão.
Imaginando estar nelas um vilão.

Haja vista um peito,
Como um leito
Que aprendera a cultivar o que vem com a maré.

Mas afinal amar é ta cheia,
Ou vazia. [?]
Porque nesse coração sem cor,
Um mar revolto,
Pulsa dês
Mas deseja somente desaguar.

Haja vista um ser que não sabe amar
Tende então
A.maré o afogar

Ádila Ágatha de Carvalho


[A maré o afogar/amar é o afogar...]

Tom visível no tão invisível seu



Dela, embora pouco pareça estar aqui ou aculá,
Muito se vê.
Mesmo quando seus lábios sequer dão-se o trabalho de se mover.
De entoar alguma palavra.

Atenho-me a fitar-la
Sem envergonhar-me da sensação de que...
Eu sequer sei ao certo
O que dentro não se cala.

Nela, até a falta de informação,
Já é uma conotação
De que, talvez,
Tenha tanto conteúdo
Que é melhor ater-se a dizer nada
Do que falar meias palavras
E nem conseguir expressar tudo.

Fala de si mesma
Sem que haja a pessoa do verbo
Mas me soa tão, em tão pouco
Que desespero.

Digo calada
Que mesmo sendo eu moça,
Quero al.moçar lá
Não tão somente
Mas até a alma.

Ádila Ágatha de Carvalho


[Imagino sugar-la/'Imarrino su gala'.]

Sunday, April 01, 2007

Tempestades também curam



Lá no fundo
Ela sempre teve medo de fincar-se em um cais
Porém muito mais
De não ter-los mais

Uma vontade da incerteza
Só pela beleza
A beleza [que acha] que a dúvida tem.

Ainda mais que,
Quando se tem dúvida
Parece que perdura
Isso só pra saber se é ou não.
E ela erra às vezes nesta questão.

Parece mais um mar de medo,
E o barco, vagante neste,
Algumas vezes a deriva, duvida
Que um dia consiga atracar sem receio

Na proa do barco
Há um coração cheio de códigos
Todos baseados em sentimentos confusos
Que de tão difusos,
Nem o peito em que se encontra
Ou o corpo do qual faz moradia
Deduziria.
Mesmo se sorrisse ou chorasse;

É que na verdade
Os sentimentos às vezes descrevem-se ao avesso
Sorriso irônico
Choro de alegria...

Na essência tem pragas
Tem pestes...
Tempestades também curam
Não faz de má fé
Assim, chovendo pra afastar.
No fundo quer reter o que dá.

Repele porque impar parece ter defeito
E perece, por ser de tal jeito.

Lá no fundo
Ela sempre teve medo de fincar-se em um cais
Porém muito mais
De não ter-los mais


Ádila Ágatha de Carvalho

Saturday, February 17, 2007

Prega dores



Preg’um sorriso na cara de alguém
Preg’um pedaço de seu pensamento, no pouco que diz
Prega falta de bom senso também
Por ser livre.

De tudo que observa
Parte daquilo sempre fica pregado na sua caixinha
Como uma casinha dentro do peito,
Pra guardar venturas

Prega cores
Prega amores

Mas de tudo que prega
Sempre aprende no que prega dores.

Ádila Ágatha de Carvalho

Olhos prosos






A fala, em silêncio,
Naquele olhar tão intenso
Como se fosse grito
E não lágrima
Diz que estranha
Vê-se pela íris castanha
Que de encarar um outro
Quase chega ao gozo
Tamanho o sentido de o ver.

Muitas vezes até sorri
Mesmo séria
Mas se ria,
Não seria séria
Apenas aquele tal contentamento
Descontente.

Observa, absorve
Come com os olhos
Suga com o olhar
Fixando até os poros
Pra vê se retem o outro
Pra masturbar a consciência
Quando nem a idéia de um outro existir
Acompanhar-lhe

A fala, em silêncio,
Naquele olhar tão intenso
Diz tanta verdade
Como mente
Mas comumente fecha os olhos
Porque teme o subentender

[no céu da boca, que nem trovão, pode chover contradição]



Ádila Ágatha de Carvalho

Tuesday, January 23, 2007

Mas do semblante sequer o esboço







Quase sempre o silêncio
Mesmo quando o riso pula no rosto
É do meu gosto
Mas do semblante sequer o esboço
De esse rir
E fica um ‘se’...
A hipótese de riso

Mesmo quando acho preciso
Ou nem isso
Apenas a vontade se deixando levar
Do querer me alegrar
Mas desse verbo,
Só querer
Mas não conjugar

Mesmo achando uma dádiva
Ser outra, que também sou eu
Volta e meia, vem-me um breu,
Por ter além do eu, também D’ávila




Ádila Ágatha de Carvalho

Que é das mulheres...




Aquele tal gozo, que é das mulheres
Quando se é menina
Ou se é moça
Um intermediário entre a alma e a boca
Não condizendo,
Se cala?
Apalpa pálpebra
Fechando e abrindo
Num choro.

Que no céu da boca só tem diabos
E dos lábios de baixo
Não se fala o gozo

Não se tem um outro
E a nudez de dentro
Faz-se solidão
Os pulmões fazem amor com o coração

E desse amor um ar pra respirar
Mas o peito não bate mais forte
Deve de ser falta de sorte
Ter num algoz
O desgosto de não ter um alguém

Ádila Ágatha de Carvalho