Saturday, December 15, 2007

Tom visível no tão invisível seu



Dela, embora pouco pareça estar aqui ou aculá,
Muito se vê.
Mesmo quando seus lábios sequer dão-se o trabalho de se mover.
De entoar alguma palavra.

Atenho-me a fitar-la
Sem envergonhar-me da sensação de que...
Eu sequer sei ao certo
O que dentro não se cala.

Nela, até a falta de informação,
Já é uma conotação
De que, talvez,
Tenha tanto conteúdo
Que é melhor ater-se a dizer nada
Do que falar meias palavras
E nem conseguir expressar tudo.

Fala de si mesma
Sem que haja a pessoa do verbo
Mas me soa tão, em tão pouco
Que desespero.

Digo calada
Que mesmo sendo eu moça,
Quero al.moçar lá
Não tão somente
Mas até a alma.

Ádila Ágatha de Carvalho


[Imagino sugar-la/'Imarrino su gala'.]

1 comment:

Alexandre Bräutigam said...

Imarrino su gala. Gala. A musa de Dali.

onde?

ondas de silêncio cheia de olhares
que falam.

ondas de silêncio cheias de ações
que piscam.

As pessoas não conseguem mais ouvir. Deve-se falar. Siempre. Mais e mais, até q a velocidade seja tanta que as palavras se encavalem. Enquanto isso, o olhar lê, pausadamente, tudo.

Contemplamos com o ouvido.