Monday, November 24, 2014

Com-versar-só e o verbo.



Enquanto você dormia,
o meu amor latente
carecia de atenção
sorte ser na vida, sonhadora
e nos imaginar, mesmo na segunda,
arrumando uma mochila
e saindo por aí;
prosa e ar
com versar.

Na realidade, muitas vezes acho estranho
agora, que de fato a gente se juntou uma coisa par
Sua poesia descansar
Enquanto eu rogo pro dia
algo criativo de nós dois.

Penso que se a raiva que também sinto
Fosse, pelo menos,
algo sempre suportável,
eu não quebraria as suas coisas
com martelo
e com sorrisos.

Preciso segurar minha onda
Precisar de ajuda
é algo relativo
tem gente que sonha sozinho...

Vou mudar você de personagem.


* (imagem: desenho que fiz na parede da antiga casa 2012)


Como adquirir
Tal tranquilidade
e não sofrer pelo grão
mergulhada em agonia...

Algumas vezes
O sabor que eu já provei
Dessa solidão acompanhada
Traz vontade absurda
Faz vontade calada.

Um querer que o vento leve distante
As promessas que nem vou cumprir
De querer que feito estrela cadente
Um romance na assadeira quente
Se apresente à  mente confusa.

Voando feito fantasia
coisa sem matéria
material para escrita
personagem novo.

Pra não estragar,
sempre partindo antes
dessa vez a âncora não permite
que esse barco vá muito longe.

Uma carta em sua porta
Uma abordagem crua
O personagem é uma frase
sem passado, sem vestígios
e nua.





Tuesday, June 10, 2014

Madrugada





Pensamento voa.
O calor me ronda.
O coração  acelera
Quando sopra
inspiração genuína.
sou escravo dela.

O sentimento pega
no galope vou indo
a escrita se anima.
e eu sigo sorrindo.
O receio é um medo
que excita o instinto.

Ao olhar que encontro
Em um passeio solitário
Dou-lhe um abraço apertado
desse nosso encontro
escondido.
sentido
e zelado.


À paixão que se despede.







Ao ponto que cheguei
É inevitável que na bagagem
tenha um tanto de tristeza.
Tem coisa que a vida planta
pro broto ficar mais forte.
pro caula não quebrar ao vento.

Essa coisa aqui dentro
de querer amar mais.
Ora viver em despedida
de um desejo que não se conhece mais.
Uma folha passeia no rio
pro rumo que tiver que ser...


Nesse frio, traz tranquilidade
sentir o sol aquecer.
Depois de confundir o ponto com vírgula
e insistir,
pra desfazer o nó
ou pra achar a rima.
Deixei fluir.

Coisa que talvez seja sina.
O amor, eu sei, mesmo nas horas que não equaliza
Faz crescer, ensina.
Fosse rima feria
Foice embora afiada.


Me deixei levar pela ilusão
da chave pro meu próprio íntimo.
A embarcação foi-se embora,
me atirei no mar.
Mas pra nadar à liberdade
Dela um dia ter estado lá.

06:25
(imagem de autor desconhecido)

Saturday, May 31, 2014

As plantas do terraço.


Quanto mais conhecimento
mais se descobre
parte da ignorância.
Horas me fecho
Com medo de errar
"E quem não erra, afinal."
Precisei perguntar.

Uma rosa se abriu
Pétala, cor, espinho...
E tudo fica pequeninho
diante as dádivas da vida.

Essa coisa arredia
algumas vezes até bruta
na labuta, lapida.
Na coisa nua
é alma
e está viva.

Tento não temer
chamar o bom na calma.
Quando em mim há ira
irradia na polaridade outra coisa
que me lava
e lavra.

Monday, January 27, 2014

Ventanejando





Ao lavar a roupa no terraço, observo os pássaros que passam ligeiros, parecem não querer perder o horário. Penso uma poesia. No momento, ao invés do papel, tenho em mãos uma roupa suja, manchada na parte superior de molho de tomate. Esfrego como quem rabisca, porém a poesia é tão visceral, deseja tanto ganhar um corpo que, acabo por versar em voz alta. Só para não deixá-la perdida no pensamento. Penso nela voando com o vento através dos tempos e sendo escrita, quem sabe um dia, por outrem, ou por mim mesma, abraçando a lembrança desse agora. 

Ádila Ágatha de Carvalho.
(Imagem de autor desconhecido)