Wednesday, December 01, 2010

"Singularidade Recíproca"


Amo, amo! Sou amadora
Sofro de todos aqueles males.
Me desnudo entre os dedos do gigante
Pereço a vaidade rasa dos trages

Posso rir na eloquência
Sofrer, chorar dores tão conhecidas
Errar como quem se baliza
Aconchegar-me adulta, na parte menina

Deixo o não entender entrar
Chão de lã, teto de íris, paredes de vidro
Me descubro no ouvinte de fora
Coisa humana que jorra do atrito

Clama pele, póros, pêlos
Qual foto-síntese não obrigatória
Ama quem pode livre
Aprisionar-se em sentimentos de agora

Anestesiar neste ir sinestésico
O quão ingênuo à ponta de um giz
Reconciliando-se com o Deus amor
Numa plena pulsação vis-à-vis.



(Último instante do novembro de 2010)



* memória digital dos passos -  (20:58 / 01-12-10) 

A inspiração não se masturba. Mas goza do agora como quem não se abstém dos instantes

Monday, September 20, 2010

Senti-la'ncia


Sossegaram os passos.
Quase não há receios.
Ao redor dos cabelos.
Lapsos se compassaram.

Sentia-os em veemência
Cintilavam.
Senti! La-
vravam uma calmaria.

Sem ti,
Sem mim,
Contudo...
Com tu(n)do.

Sossegaram ...
Fiquei feliz e tacanha.
Fiquei e estou sendo. (e outros verbos)
Versos ébrios de tanto m’eu.

Sem saber com qual
ou quê  arte-manha (manhã)
 ou coisa vespertina,
vi-me menina...
Sosseguei.

Ádila Ágatha de Carvalho (setembro em primavera, 2010)



Sunday, September 19, 2010

Corre! Queira... inTERpretação rasa.



Esquece coração. Esquece!
Se aquece nas andanças
Esquece das lembranças.
Fica calmo. Fica alvo.
Desrrubreça!

Torne-se uma folha calada
E me deixa. Me deixa a salva!
Seiva atada nas paixões corriqueiras.
Como eu queira...
Na beira do seja ou não seja

Do que vinga em nada
Do que é liberto
indoloso e comparável
Excitante por ser vago
Constantes inspirações que trago...

Tragos e mais tragos
Insensata...

Romantismo?
Minha tese sem prática
Minha fala mais farta
Ceticismo (fictício)
Intrínseco  n’alma

Que agora extra vasa.
Fui tragada,
engolida, devorada, mergulhada...
Calor que encaixa
Vibração harmoniosa.
Me invadiu, me invade...

Não há átomo que me salve!

Ópera e vinho. Holofotes...
Palpitações, vontades, choques.
Inconsentido golpe que me invade
... e m’invade, m’invade, m’invade

Encaixada!
Batendo as cortinas da pálpebra.
Gemendo trovoada
Nessa tem-pés-ta(r)de
Entre o eros e o ágape.

Ádila Ágatha de Carvalho

p.s [desculpo-me à imagem o silêncio de poucos olhos. Os menos prosos recusariam.] 

Friday, April 16, 2010



Dou morada para os fungos
Não me envaideço com olhares surdos
Nessa quimera, na qual sou apenas vulto
Danço com o tempo,
Decompondo o traje dos astutos

Nesse corpo em que moro, mas não habito
Estou de volta às tempestades vastas
Mas sigo em relutância
Pela esperançosa rutilância
Daqueles que ainda possuem alma

Quisera, antes de perceber a idade
Ou o gosto do podre começar a gritar na carne
Perceber o verdadeiro silêncio
Dos tímidos convexos, que no espelho
Calam a beleza dos seus reflexos sem vaidade

Vai idade,
Tempo em que sonhar era excitante
Muito que embora tímido e hesitante
Não se fazia medo o amanhã
Nem se fazia receio o ontem

Dou morada para os fungos
Não me envaideço com olhares surdos
Nessa quimera, na qual sou apenas vulto
Danço com o tempo,
Recompondo meu traje de matuto



                                        Ádila Ágatha de Carvalho (março de 2010)