Monday, July 13, 2009

Que olhos esses. E Quem Olhar-me deles?


Olhos  II


Ofereço meus olhos em um prato,
O meu olhar é o meu legado,
Dentre as deficiências mais eminentes
É o único que dou de bom grado.

É a minha vara de pescar,
A isca é a base do olhar,
Posso sair sem o peixe,
Mas nunca sem o mar.

Ah, mar!

Eu tenho receio dos meus olhos fora de mim,
Mas esse temor não é suficiente para me impedir.
E sem nenhum apego eu o deixo seguir adiante

- Vai, pescar semblantes!

O olhar ultrapassa até a pálpebra
O imaginar perpetua a falta
Quando o angulo de visão acaba
Vira um sonho e o olho vê utopias.
Mas nunca,
Nunca deixa de olhar sem uma tal euforia.

Assim eu o ofereço,
Numa bandeja,
enquanto visto apenas corpo.
Podem ser apenas íris,
Mas tem aquele arco que leva ao tesouro.

Ofereço-te meus olhos,
Não far-me-á falta,
Não findo meu enxergar sem eles.
Como um sabiá que não para de bater as asas
Nesse vestido de nu,
Tem estampas de poros,
E eles
Ah! Eles enxergam mais que meus olhos.

- Toma! Meu olhar é teu.



Ádila Ágatha de Carvalho (Setembro de 2009 )

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Olhos I

Que olhos esses,

Poros sem tato,
Que mesmo contato
Não comunica.

Que olhos esses
Pulso sem impulso
Pulsando parado
Que vai pro coração
Mostrar quem?

Que olhos esses
Que pare lágrimas
Sem apego
Da boca, beber o aperto.
E girar em círculos
Como se fosse ciclo.

Que olhos esses
Eu sei que são meus
Afirmação com ponto de interrogação
Na íris
Do verso
Que , ora, é o inverso de mim

Que olhos esses
E quem olhar-me deles.
Pretos
Que nem falta
Que nem breu

Que olhos esses
E quem olhar-me deles?
Será que enxerga tamanha
Será que enxerga
Que olhos esses
Que sei que são meus
Janelas
E haja nela
Vontade de pular.

E quem olhar-me deles
Meu Deus?



Ádila Ágatha de Carvalho (Agosto de 2006 )

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