Friday, August 14, 2009

Quando faço amor comigo



Amor comigo I

Quando faço amor comigo,
Não consigo, sequer, não me trair.
Não consegue-se abstrair
Que a digital não me fecunda

Não pretendo ser mãe da minha identidade
Tenho adjetivos quando faço amor comigo,
Envaideço pensamentos,
Mas o que se passa adentro,
É meu corpo estuprando minha alma.

Faço amor comigo
Quando exalo libido,
Quando dou ouvidos,
A morte do silêncio da necessidade.
Gritos de libidinagem.

Quando faço amor comigo,
Não é amor na verdade.
São más, turvas-ações.


Ádila Ágatha de Carvalho ( setembro de 2009)

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Amor comigo II




Todas as vezes que faço amor comigo,
Sorrio...
Depois envergonho-me.
Mas sempre me amo.
Mesmo quando me odeio

Todas as vezes que faço amor comigo,
Mato a vontade
Mato a saudade.
Mato.
Mas não mato o amor.
O amor é suicida.
O amor é assassino.
E quando faço amor comigo,
Sou assassina e vítima.

E eis que me encontro,
Devoro-me,
Gozo-me,
Depois me deixo,
Como se eu fosse uma qualquer,
Sem importância.
Dou adeus,
Mas sempre volto na ânsia,
De amar-me outra vez,

Quando faço amor comigo,
Não sei quem sou,
Mas sei, quase sempre, quem gostaria de ser.
Otr’alguém,
Mesmo Zé ninguém.
Que o ‘eu’ é tonante,
E retumba solidão.
Que é só a mão
E a imaginação



[ Ádila Ágatha de Carvalho (Maio de 2006)




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