Monday, July 13, 2009

Encontrar o jardim, dentro da árvore...




As portas abriram-se sem que ela pudesse perceber,
 no seu coração, entrou um furacão.
Revirou tudo,
Parecia coisa d’outro mundo...
Este ficou por um tempo
Tempo suficiente pra fazer um grande estrago
Haviam pedaços por tados os lados.
Quem ia colar todos aqueles cacos?
E algum sempre se perde,
Algum pedaço sempre se vai com o furacão...


Mesmo aos reajuntes,
Não havia de ficar completa,
Havia de ficar nítido que...
Como um jarro que se quebra,
E por um motivo ou outro agente cola e acha que,
Inda serve...
Que ninguém percebe...
No fundo agente nunca esquece que aquele jarro quebrou.
Agente nunca esquece.

A casa coração ficou...
Nem sei. Apenas ficou.
Restara apenas um tom de algo,
Alguma coisa que é viva,
Alguma coisa que, parece morta,
Mas há de ter seiva adentro.
Mas descuidou-se...
Desolou-se...
As paredes começaram a mofar,
Ela começou a desfrutar da companhia da solidão,
E da [incerta] certeza de que ímpares pendem a ter-se e só...

E vida,
Bom, a vida começou a ter dias de chuva,
E dias de sol sustenido,
Horas, minutos, segundos... sem sentido!
Veio o pó, sobre os imóveis,
Veio os ácaros,
As aranhas, as baratas...

A casa coração,
Depois do primeiro e único amor,
a primeira paixão,
Parecia que...
Como se o furacão houvesse transformado
Aquele quadro com imagens claras,
Em um abstrato tão abatinado,
Que parecia nem dizer nada...
Mas há sempre de ter entendimento,
No que não parece de entento,
Mas de sensações...

Havia perdido as rédeas,
Havia lembrado de pensar em tudo,
Na carência, no tédio, no desamor, nas deslembranças,
Menos de regar as flores que todo dia regava,
Sem se dar conta que a raiz está logo ali,
Sedenta...

Parecia tarde demais...
De fato havia fechado a porta
Passado o cadeado...
Estava trancafiado e...
E a chave jogou pra fora...
A chave saiu com o choro,
A chave partiu no ultimo suspiro,
A chave desapareceu
Assim como os tons coloridos da áurea,
A chave,
Bom... não havia de ter mais chave...

Mas ela esqueceu das janelas,
Sorte que não as trancou,
Se não...

Se não,
Não havia de ter entrado o ladrão,
O tal que roubou o coração...
Roubou...
E tratou de admirar as paredes mofadas,
Tratou de ver que,
Que sem aquele muco,
Aquela crosta em volta,
Havia algo de fantástico,
Assim disse...

E ela duvidou, com aquela cara
De quem havia ensurdecido o coração,
Pra qualquer balada...
Seja balada de tiro. Com pólvora.
Seja balada canção, com um respectivo repetitivo refrão,
Seja o que for. Ou qual.

Mas blá,
Ele pulou a janela, e lá ficou
Encontrou um jardim. Podou, cuidou...
Nem tinham mais flores...
Mas fez florescer nos espinhos,
Do cacto é ela...
E em noites de lua,
Faz fogueira e canta pra aquecer a alma...
E consegue...

Consegue até fazer-la sentir o jardim...
O tal jardim que ela cultiva faz tempo,
Mas que simplesmente não conseguia estar,
Por enxergar um vidro dividindo as partes...
Um vidro que só existia na sua imaginação...

Ela conseguiu chegar ao jardim.
E isso a fez sentir-se viva,
E transformar o passado em uma linda lembrança que...
Que nunca há de ser esquecida, é fato...
Mas há de ser das erratas,
A pedra do seu caminho.
Mas há de ser apenas pedra,
E não um muro,
Não uma parede...


Ádila Ágatha de Carvalho (26/05/2006 08:34) --- um amor que dura hoje como grande amizade.

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