Friday, November 10, 2006

Amor comigo







Todas as vezes que faço amor comigo,
Sorrio...
Depois envergonho-me.
Mas sempre me amo.
Mesmo quando me odeio

Todas as vezes que faço amor comigo,
Mato a vontade
Mato a saudade.
Mato.
Mas não mato o amor.
O amor é suicida.
O amor é assassino.
E quando faço amor comigo,
Sou assassina e vítima.

E eis que me encontro,
Devoro-me,
Gozo-me,
Depois me deixo,
Como se eu fosse uma qualquer,
Sem importância.
Dou adeus,
Mas sempre volto na ânsia,
De amar-me outra vez,
Mesmo nos desencontros,
Mesmo com infinitas
Despedidas...
Mesmo quando me odeio.

Quando faço amor comigo,
Não sei quem sou,
Mas sei, quase sempre, quem gostaria de ser.
Otr’alguém,
Mesmo Zé ninguém.
Que o ‘eu’ é tonante,
E retumba solidão.
Que é só a mão
E a imaginação



Ádila Ágatha de Carvalho



Não sei se tenho,

Só se for na morada
D'essas que não é habitat
Mas se vive nela

N'uma que sequer é minha
Mas que Vi.vo,
Só não sei em que freqüência vi ou vô
Se é apenas um vagão,

No qual apenas vagamente
De maneira que não sabe ser-se permanente
Mas prefiro estar nela
Na morada de alguma casa no meu peito

Que fora do ecossistema do meu coração
Amante
Ante um sentimento que nem sei direito
Desses que se tem mais impulso que razão

Sei de mim
Enamorada
Só não sei se nela abriga
A vontade de ceder chão

Presse meu desejo fincar
E só pro agrado não se desgostar
Ei sempre de mudar o que for móvel de lugar
Menos esse sorriso que é meu

Mesmo na morada
Mesmo, namorada
Esse só.risinho
De estar e ser sol.zinho.


Ádila Ágatha de Carvalho

3 comments:

Manoela Guerreiro said...

Muito bom.

Diogo said...

Esqueceu de acender um cigarrinho.

Olga Thaûma said...

Lindo. Relaciona muito bem toda agressão e ternura que os prazeres trazem. Esse misto, de liberdade e tabu, uma liberdade finita, limitada pela vergonha de ser o que se sente ao mesmo tempo que se entrega e sai de si por três minutos.