Tuesday, October 24, 2006

Travesti tempo.




Vou me esconder do tempo
Antes que ele venha possuir ainda mais meu corpo
Foi astuto,
Quando rabiscou-se no meu rosto
Fez semblante de mulher
Na menina que não vai morrer no resto


Malicioso,
Dando volume ao meu corpo
Involuntariamente,
Convivendo [vivendo com]
Como incumbência
De estar trancafiada
Dentro de uma borboleta
Sendo lagarta.

De carregar no visível mundaréu de ossos,
Um maior volume de carne
Ver gritar no peito o sexo feminino
Que menina já tinha.
Na sua falta de fel.

Mulher não condizendo
Moça sendo
Sem a obrigação de ser-la,
Feminina
Sem fé, menina
Atéia da obrigação de metamorfosear
Como se fosse de própria autoria
Abdicar!!!!

Mas é do tempo
Essa mulher outra
Que a cada dia
Mesmo com a imensurável agonia
Acabará por me alcançar
Estuprar-me até as lacunas.

Se é do tempo passar
E se for por ruas asfaltadas
As faltadas do meu temperamento infanto
Me dará mais hormônios
Que apego ao ninho
Corpo que em definho.

Ádila Ágatha de Carvalho

1 comment:

Manoela Guerreiro said...

" Mesmo em tempos de guerra, que o ar é pesado de tanta poeira...Continuar leve.
manter-se intacto, mesmo tendo alguém arracado nossos pedaços.
E quando estavam ivolutariamente dentro [?] o gostar de estar só nasce dentro do "eu".
Em um prostuibulo, cheio de cretinos mal cheirosos, todos as vagabundas falam de sexo aabertamente, sem tanto pudor como eles, e tanta pureza não como eles"

Lembrei-me de uma conversa nossa..." Ver a pessoa ela no que diz"...
E isso acima é só mais uma babozera que não condiz.