
Vou me esconder do tempo
Antes que ele venha possuir ainda mais meu corpo
Foi astuto,
Quando rabiscou-se no meu rosto
Fez semblante de mulher
Na menina que não vai morrer no resto
Malicioso,
Dando volume ao meu corpo
Involuntariamente,
Convivendo [vivendo com]
Como incumbência
De estar trancafiada
Dentro de uma borboleta
Sendo lagarta.
De carregar no visível mundaréu de ossos,
Um maior volume de carne
Ver gritar no peito o sexo feminino
Que menina já tinha.
Na sua falta de fel.
Mulher não condizendo
Moça sendo
Sem a obrigação de ser-la,
Feminina
Sem fé, menina
Atéia da obrigação de metamorfosear
Como se fosse de própria autoria
Abdicar!!!!
Mas é do tempo
Essa mulher outra
Que a cada dia
Mesmo com a imensurável agonia
Acabará por me alcançar
Estuprar-me até as lacunas.
Se é do tempo passar
E se for por ruas asfaltadas
As faltadas do meu temperamento infanto
Me dará mais hormônios
Que apego ao ninho
Corpo que em definho.
Ádila Ágatha de Carvalho